terça-feira, 22 de junho de 2010

O TEMPO E O DESMODO II:

Hoje é impossível a um tipo decente não pasmar com o que é dito e escrito. Para alguns, tal é a loucura e a necessidade de reinventar a história baralhando os planos, que é fácil imaginar primeiro e transmitir depois, que a promessa feita por Édipo no início de “Édipo Rei” de livrar a cidade da peste é uma espécie de "populismo". Ademais, convém não esquecer ainda de que é mais fácil um rico entrar no Reino dos Céus do que um opinativo de qualquer área – cultural, académica, sindical, económica, ou simples comentarista com o rótulo de jornalista –, conseguir não reduzir uma Antígona a uma espécie de dissidente política, mas, ainda, voltar depois à tragédia, e dar suficiente relevo e destaque a simples pilhéria, como se julgasse Creonte na Corte de Haia por violações dos direitos humanos. Se achas que estou em exagero, podes ficar a saber que o galardoado com o Nobel Seamus Heaney, ao ser convidado para fazer uma versão de Antígona, declarou ter encontrado inspiração para o trabalho em George Bush...

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