terça-feira, 29 de junho de 2010

Uma das melhores falas num dos piores filmes:

I… I used to make long speeches to you after you left. I used to talk to you all the time, even though I was alone. I walked around for months talking to you. Now I don’t know what to say. It was easier when I just imagined you. I even imagined you talking back to me. We’d have long conversations, the two of us. lt was almost like you were there. I could hear you, I could see you, smell you. I could hear your voice. Sometimes your voice would wake me up. It would wake me up in the middle of the night, just like you were in the room with me. Then… it slowly faded. I couldn’t picture you anymore. I tried to talk out loud to you like I used to, but there was nothing there. I couldn’t hear you. Then… I just gave it up. Everything stopped. You just… disappeared. And now I’m working here. I hear your voice all the time. Every man has your voice. Aqui.

Oh come to me again as once in …

Oh, the tumultuous horrors of five thousand shattering awakenings, each more frightful than the last, from a place where even love could not penetrate, and save in the thickest flames there was no courage…

The Pessimist:

Nothing to do but work,

Nothing to eat but food,

Nothing to wear but clothes

To keep one from going nude.

Nothing to breathe but air

Quick as a flash ‘t is gone;

Nowhere to fall but off,

Nowhere to stand but on.

Nothing to comb but hair,

Nowhere to sleep but in bed,

Nothing to weep but tears,

Nothing to bury but dead.

Nothing to sing but songs,

Ah, well, alas! alack!

Nowhere to go but out,

Nowhere to come but back.

Nothing to see but sights,

Nothing to quench but thirst,

Nothing to have but what we’ve got;

Thus thro’ life we are cursed.

Nothing to strike but a gait;

Everything moves that goes.

Nothing at all but common sense

Can ever withstand these woes.


By Benjamin Franklin King (1857-1894)

Sinais de Fogo:

O desprezo é a minha distinção e é a distinção dos melhores portugueses. Tenho para mim que o português é a melhor língua para desprezar. Bom, adiante. Estou sentado a um canto da sala. Ao meu lado está a descansar de ser manuseado freneticamente os “Sinais de fogo” do Jorge de Sena, esse desprezado. Na minha cabeça vai uma ideia insistente sobre o personagem Jorge: “Há algo de trágico no enorme número de jovens, que começam a vida com perspectivas perfeitas e acabam por adoptar alguma profissão útil”. Eis senão quando, no apartamento ao lado, os vizinhos, um homenzinho sério e seco e uma matrona baixa e de ancas largas, riem. Apuro os ouvidos. É só o que qualquer pessoa normal faria, mas eu não (Deus sabe que eu não sou uma pessoa normal); desloco-me e encosto o ouvido. O Homenzinho Sério está, parece, em êxtase, e pede, por favor, que ela o deixe enfiar? O quê? Repete várias vezes e aí tenho a certeza: o gajo quer anal e repete para que ela se convença, mas a tipa resiste. E ele não se limita a repetir a frase, porque os gritos a seguir devem ser audíveis a três quarteirões. Posso resistir a tudo, menos à tentação de me rir quando encontrar a gorducha vizinha sodomizada no elevador. E ela vai gemendo, chorando, e pedindo, já exausta, pela ajuda do seu Deus. Volto ao livro e penso: não poderia haver melhor ambiente para os “Sinais de Fogo”.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Lord:

Lord que eu fui de Escócias doutra vida

Hoje arrasta por esta a sua decadência,

Sem brilho e equipagens.

Milord reduzido a viver de imagens,

Pára às montras de jóias de opulência

Num desejo brumoso – em dúvida iludida…

(Por isso a minha raiva mal contida,

- Por isso a minha eterna impaciência).


Olha as Praças, rodeia-as…

Quem sabe se ele outrora

Teve Praças, como esta, e palácios e colunas –

Longas terras, quintas cheias,

Iates pelo mar fora,

Montanhas e lagos, florestas e dunas


(-
Por isso a sensação em mim fincada há tanto

Dum grande património algures haver perdido;

Por isso o meu desejo astral de luxo desmedido -

E a Cor na minha Obra o que ficou do encanto
…)

(By Mário de Sá Carneiro)

Da imortalidade de algumas personagens:

"But there can be no grave for Sherlock Holmes or Watson . . . Shall they not always live in Baker Street? Are they not there this instant, as one writes? . . . Outside, the hansoms rattle through the rain, and Moriarty plans his latest devilry. Within, the sea-coal flames upon the hearth, and Holmes and Watson take their well-won ease . . . So they live still for all that love them well: in a romantic chamber of the heart: in a nostalgic country of the mind: where it is always 1895."

(By Vincent Starrett, no livro The Private Life of Sherlock Holmes -1933)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Your Ass Is Mine:

Com o alto patrocínio de Nick Orleans.

Porque não sou conservador:

“O conservadorismo natural… é uma atitude contrária à mudança, que decorre em parte de certa desconfiança em relação ao desconhecido”.


(By Lord Hugh Cecil, Conservatism - “Home University Library” [Londres, 1912], página 9)

Um grande sacrifício:

Por que raio vemos constantemente os conservadores e tradicionalistas a chamarem autores liberais como se o conservadorismo e o liberalismo fossem fruto da mesma cepa? A explicação adiantada por Hayek é simples e concisa: o conservadorismo foi completamente incapaz de elaborar um conceito geral sobre a maneira pela qual a ordem social consegue sustentar-se, e os seus defensores modernos, ao tentar construir uma base teórica, acabam quase sempre por apelar quase exclusivamente aos autores que se consideravam liberais. Macaulay, Tocqueville, Lord Acton e Lecky certamente que se consideravam liberais e com justiça; e mesmo Edmund Burke permaneceu um Whig da velha guarda até o fim e estremeceria à simples ideia de ser considerado um Tory. Jesus credo!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Scarlett Johanssom e o silicone ou campanha promocional deste blog:

Sinceramente? Não diviso onde está o très chic no enxertar ou cortar as bazoongas que o divino forneceu às senhoras. Penso mesmo e não devo estar sozinho, que algumas amigas, ostentam peitos uns cinco centímetros mais acima do que deveria ser permitido. Por outro lado, quem não sentiu a desilusão de ver, quanto mais sentir, mamas siliconadas: excessivamente redondas como uma bexiga cheia de água, irtas e, às vezes, até quadradas. Alguém diga a essas mulheres feias, insossas e sem gosto que a sua furia peituda não as iguala à moça da fotografia.

A vuvuzela de serviço:

As caras de certos homens transpiram burrice. O tipo da fotografia é um deles.
É mais delambido e concupiscente quando tenta ser lânguido, mais desastrado e espalha brasas quando tenta ser subtil, mais cocabichinhos, prosaico e mesquinho quando tenta ser refinado. É vê-lo naquela chinesice inclinada ou lá o que é, ou, no seu quarto dos fundos quando exerce o ofício de sopeira da SIC-N, a competir em inteligência com uma bola de futebol. Na realidade, quando fala, existe uma espécie de vuvuzela baixinha de fundo que soa a quando Bertrand Russell visitou a China e escreveu uma carta a um amigo: “estou a conversar diariamente com os dez homens mais inteligentes do mundo”. No caso do patíbulo não é do mundo, mas, outrossim, do que ele. Aliás, penso que o show depressivo que tem tentado com outros três estarolas se deveria chamar esférico inclinado, fazendo jus ao seu imenso capital de complexa personagem esférica. Não faz sentido? O tipo também não.

Abrantes, francamente!

Então não sabes que "não há nada que chateie mais um escoteiro do que uma velhinha que consegue atravessar a rua sozinha"?

(By Richard Mitchell, o Underground Grammarian)

Avesso do reviralho:

Não faço a menor ideia do motivo pelo qual a maioria dos meus contemporâneos são desprezíveis, mas eu desprezo-os profundamente. Ah, antes que me esqueça outra coisa. O primeiro-ministro já não é levado a sério por ninguém hoje em dia; o que é mais um motivo para estar do lado dele. Adoro os políticos caídos em desgraça, assim como adoro escritores, treinadores de futebol e até chefes de que ninguém gosta por serem arrogantes e escapadiços como enguias. Também eu sou arrogante e escapadiço como uma enguia, que o diga a menina que foi ontem beber copos comigo. Todos eles, os odiados, sem excepção, compartilham comigo o serem o avesso do reviralho.

Blasfémias tantas cá vai disto:

Existem pessoas que fazem de nós melhores, no meu caso, só mais um bocadinho porque eu sou já bem fornecido (em todos os sentidos). Uma dessas pessoas é a sapatona que escreve no blog blasfémias e, para ela, especialmente, uma citação:

“O acto de cuspir pratica-se geralmente a três compassos musicais; os dois primeiros são os sons de aspirar e limpar a garganta como preparativo do compasso final de cuspir, que se executa com rápida força; staccato depois de legato. Não me importam na realidade os germes que assim povoam o ar, se o acto de cuspir se realiza esteticamente. (…)”

“A Importância de Viver”, By Lin Yutang

Comissão PT/TVI

Ui, tanta gente preocupada. Eu, pelo contrário, vejo neste inquérito e relativo relatório, a mesma senha, sei lá, do plano inclinado e de todos os planos inclinados deste pais que fazem de um tavares qualquer coisa (antes ou depois) um não arguido e do Sócrates arguido pela prática do mesmo tipo de crime. Penso mesmo que tudo isto é um motivo para se comemorar os anos de 2008, 2009 e 2010. E saber que a partir de agora, somos todos mais puros e honestos na nossa tantas vezes apenas lembrada na literatura: grande filhaputice. Já não dá para perder um segundo sequer com estas tribos. É um bom exemplo de cultura ter alguma coisa e não ligar. Sei, no entanto, que esse sou eu, mas eu sou melhor que a maioria. Não por acaso, sinto-me mais elevado, e com uma vaga mas persistente vontade de dançar. Nada torna um ambiente mais sofisticado do que sabermos a realidade à nossa volta como um conjunto de almas cuidadosamente marteladas e cuja verticalidade foi esquecida algures numa caixa de sapatos. Por todos um: obrigado, Pacheco Pereira!

Amazing Discovery Concerning the True and Bizarre Nature of the Universe!

Li, reli, não acreditei. Voltei a ler, devia ir dormir, mas estou tão acordado como chocado – a um dedo de distância da Grande Revelação. E, no entanto, tenho que dormir, vou dormir. Blast! By Gum!

Os flatos:

Vi a semana passada o “plano inclinado”, e mais, vi e gostei. Gostei por ter sido esclarecedor nos mecanismos da demência colectiva a que nos arrastaram alguns opiniativos depressivos na ânsia desabrida e folclórica de vir dizer depois: "eu bem avisei". Pessimistas de brincadeira, pessimistas fátuos e mil vezes pessimistas de trazer por casa. Ora ora, deixem-se de merdas, se nem sequer têm uma resposta válida à pergunta “ao invés vamos fazer o quê”? Que eu com os pares de olhos e ouvidos que a terra há-de comer (espero que daqui a muito tempo), também não tenho resposta nem ninguém me pediu opinião, mas, estive atento à demanda da Filomena Mónica e à resposta do pessimista encartado. E, já agora, não que eu próprio, sem exageros fátuos ou de circunstância, não seja pessimista, sou-o, desde os meus três anos quando percebi o grau e dimensão da perversidade de um não, e a culpa é da minha mãe. Agora, que falta de pachorra, e é muita, pelos tristes que exageram a tendência que o homem comum tem de reconhecer situações desagradáveis. Ora, se é verdade que de facto o homem comum, sobretudo se for português e se for português governante por cima, exagera na dose de optimismo, não é menos verdade, que estar a reconhecer a toda à hora as maldades da existência como quem está flato é pura demência digna de ser tratada em hospício e tem que ser levado em conta para estabelecer o fiel da balança. Chega de bagunça miserável e desonestidade intelectual! Antes, sejamos claros e nada pífios: a situação está grave? Está. Tem solução? Talvez não. E daí? Vamos ensandecer colectivamente e espetar os dedos na cara do próximo a gritar a plenos pulmões os nossos diagnósticos apressados, traçando o mapa da diluição do país e de caminho o nosso pedido de exilio não na Espanha que está como está, mas em Angola? Ora, serenem, baixem a voz, controlem os fígados e o nervosismo, de seguida peguem no raio dos diagnósticos artilhados para passarem à acção, se faz favor, e se não for pedir desmasiado; ou, ao invés, não querendo, se a birra for mais forte que tudo, então, metam-nos num sitio escuro, húmido e fedorento que normalmente se encontra no fundo da vossas costas. Neste país, o pessimista fátuo e flato passa o tempo a chutar nas muletas do inválido como se com o seu perorar sobre as várias verdades com que enche a boca, provocasse o milagre de ver o coxo a andar sem mancar. Por outro lado, é ve-los, paradoxalmente, a aramarem de vitimas ou ignorados dei ex machina, e sendo quem são, a maioria exqualquer coisa importante nesta terceira república, não augura nada de bom para o futuro das nossas instituições. Bom, não lhe basta espicaçar o pobre com o seu handicap, não, tem que fazer tiro ao alvo ao seu apoio até o fazer cair. Não seria grave, se este desporto não estivesse a ser praticado em doses cavalares com a própria nação. A nação está doente e a usar muletas, e alguns, apenas a tentar deita-la ao chão. Aliás, não deixa de ser frequente ao ouvir este tipo de gente, depararmo-nos com teorias que só espelham um dos lados da verdade que tanto gáudio se faz de possuir, admitindo, apenas, as teorias que causam um efeito de repulsa nos outros; para estes, se algo tem duas explicações possíveis, a explicação real deve ser necessariamente a mais feia. E se não for, vamos fazer figas para que sim, certo?

terça-feira, 22 de junho de 2010

O TEMPO E O DESMODO II:

Hoje é impossível a um tipo decente não pasmar com o que é dito e escrito. Para alguns, tal é a loucura e a necessidade de reinventar a história baralhando os planos, que é fácil imaginar primeiro e transmitir depois, que a promessa feita por Édipo no início de “Édipo Rei” de livrar a cidade da peste é uma espécie de "populismo". Ademais, convém não esquecer ainda de que é mais fácil um rico entrar no Reino dos Céus do que um opinativo de qualquer área – cultural, académica, sindical, económica, ou simples comentarista com o rótulo de jornalista –, conseguir não reduzir uma Antígona a uma espécie de dissidente política, mas, ainda, voltar depois à tragédia, e dar suficiente relevo e destaque a simples pilhéria, como se julgasse Creonte na Corte de Haia por violações dos direitos humanos. Se achas que estou em exagero, podes ficar a saber que o galardoado com o Nobel Seamus Heaney, ao ser convidado para fazer uma versão de Antígona, declarou ter encontrado inspiração para o trabalho em George Bush...

O TEMPO E O DESMODO:

Tenho um amigo que diz ser o português um especialista em assumir ideias impossíveis. Tem razão. Esses comportamentos horrendos são rotina e estão em todo lado. Estás na tua, a curtir a crise, de repente, aparece um maluco qualquer e começa a deitar a merda que vai lubricando, a custo, na ventoinha. Isso quando não é um bando. O pior é que acaba por sobrar para os mesmos: tu. Ora, tu, com o teu ar de portuguesinho subdesenvolvido pensas ao fim de uma semana: como é que não pensei, nem me dei conta, desta eventual muito boa ideia? E então, a nova ideia logo murcha para cair de vez no esquecimento. Quer dizer, até o ano que vem. Ele vai voltar à vida lá pelo fim de dezembro quando, com o novo ano, tu te sentires capaz de abraçar o mundo mais uma vez.

O COMBO DA AMADORA:

Fico emocionadérrimo quando alguém faz questão de dizer que ele será o futuro primeiro-ministro. Ainda bem para ele e para quem assim acha, porque esse achismo, até se pode vir a revelar verdadeiro. Agora, muitos acham que algumas lições de canto lírico e bom timbre de voz formam um combo com o político da Amadora. Opinião de Dred deslumbrado. É o mesmo que pensar que o “Nós Pimba” seria mais sofisticado se a Marie Taglioni (1804 – 1884) se rebolasse no lugar da prima-chunga do Emanuel. Se uma dessas dançarinas pimba rebolasse ao som do violino, com certeza, não faltaria quem visse nisso uma transgressão artística, logo, arte. É o fetiche artístico e é o novo fetiche político.

CANALHAS TRANSLÚCIDOS IV:

Quando se diz que alguma coisa está em subordinação, quer-se dizer que essa coisa busca noutra os seus princípios. São Tomás de Aquino dá um exemplo disso quando, no começo da Suma Teológica, lembra que a perspectiva parte dos princípios que proporciona a geometria, e a música, dos que lhe proporciona a aritmética, e assim por diante. É exactamente este o sentido quando afirmo que a cabeça do tipo supõe a outra, à qual se subordina. E essa coisificação explica o canalha translúcido.

CANALHAS TRANSLÚCIDOS III:

A BICHARADA NÃO QUER SER SALVA:

Ainda que, discordemos de certas ideias que gostamos, o simples fato de continuarmos a burilar com elas atesta sua importância. Importância, claro está, subjectiva; mas nenhum mal há nisso. Mas vamos ao texto que me motivou a escrever isto. Trata-se de um post do Pedro Lains, uma resenha de uma ideia recorrente: somos um povo de incapazes, que nunca aproveitámos as oportunidades. Diz o Pedro, e bem, que o crescimento não é uma coisa de capacidade de aproveitar oportunidades: é uma coisa de capacidade de aproveitar oportunidades e de oportunidades. E que apenas o que nos deram foi menos do que o que deram a outros países, nações, povos, ou o que se queira. De certa maneira tem razão. Mas não toda. Sobretudo, porque, em Portugal existe a estranha mania de nos perdermos em réplicas e tréplicas, e com isso, perdemos também a oportunidade, ou, diminuímo-la tanto, que o tal custo de oportunidade fica superior ao proveito. Para quem tem seguido a sociedade portuguesa e as suas indefinições, constantes indefinições dos entendidos, percebe facilmente: que a bicharada lusa é responsável pelos buracos da sua Arca e o Noé que nos vai calhando anda, permanentemente, à caça de Gambozinos.

VENHA O BRASIL:




CANALHAS TRANSLÚCIDOS II:

Uma das coisas mais detestáveis dos que se querem passar por "tradicionalistas", dos tradicionalistas em falsete, portanto, é uma certa incapacidade de ver para lá dos seu umbigo, de ver os indivíduos singulares – afinal, os únicos que existem. Quais estátuas de sal, lembram personagens apenas por si consideradas e, entre o desejo de sabedoria omnipotente que reclamam para si e o desejo de aceitar as coisas como elas são, vão acalentando o desejo de "ser forte" e aceitar a "dura verdade" da sua insignificância e ao mesmo tempo aquela still small voice que sugere que acreditar nisso é virar personagem de uma piada demoníaca. Que é o que são. São do tipo "tio Vânia": dão ao seu profundo ressentimento a aparência elegante de uma doutrina metafísica sem senso de humor; desenraizados e, cingindo o nada no colo, nomeiam-se portadores da Verdade Além das Ilusões. Soul settles with tears and sweat...

CANALHAS TRANSLÚCIDOS:

"Sempre que aparece alguém falando horrores da Igreja, nunca deixa de ser manifestação autêntica de fogo no rabo. Isso ocorre em especial com ateus militantes ou qualquer tipo de inimigo da Igreja. São tão claros nas intenções retardadas que chegam a ser canalhas translúcidos."


(by Nelson Rodrigues).

PACHECO, NÃO ÉS PORRA NENHUMA:

Pacheco, tu não és porra nenhuma até prova em contrário. A prova não pode ser fornecida por ti, pois, afinal, tu não és porra nenhuma. Moral: não existe auto-evidência em política, apenas pessoas com apoio e sem apoio, os que decidem e os que dão suporte. E tu, foste.

O TABACO ENVELHECE E EMBURRECE:

Detesto dar-lhes razão. Não é?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

POLITIZAÇÃO DA URBE E A CIVILIZAÇÃO EM RISCO:

Assiste-se, como nunca, a uma intensa politização da urbe. Nem sempre acompanhada da necessária, sim necessária, clarividência, ou, pelos menos, uma mínima noção do que se diz e se pretende significar. Estamos pois a dar cumprimento à profecia de Napoleão Bonaparte (1769-1821) no início do século XIX. Ali, já decadente, o Corso fazia a profecia terrível de que a politização seria o destino irreversível dos tempos modernos, e dando a entender ter sido um leitor aplicado de Maquiavel, vinha vaticinar um futuro em que os homens haveriam de politizar tudo, desprezando qualquer coisa que se pretendesse colocar acima da política. Trocando por miúdos, o que quero dizer, é que o precioso conjunto de valores morais e culturais que sustentando a civilização, têm sido o baluarte da vida cívica em democracia, estão a sair de cena. No seu lugar, entrou o bárbaro espectáculo da disputa voraz por poderes e ideias – ou seja, um tempo de pobreza do espírito. Ora, como não poderia deixar de ser, esta nova focagem da política, feita da forma mais trauliteira, levou à transmutação do próprio discurso político, agora, auxiliado com o recurso a ferramentas outrora só possíveis no campo da justiça. Trata-se da política do vale tudo em proporções nunca vistas.

sábado, 19 de junho de 2010

1022 - 2010






José Saramago, a pessoa, foi ter com as suas opiniões políticas. Paz às suas almas.

O escritor já se tinha finado "no ano da morte de Ricardo Reis".

sexta-feira, 18 de junho de 2010

DOS ÓPIOS:

Durante boa parte do séc. XX muitos foram aqueles que tentaram resgatar as massas populares da droga. Estes terapeutas encartados e suficientemente dogmatizados, erigiram grandiosos centros de reabilitação e utilizaram a metadona marxista à descrição. Para no final, se descobrir, que também os terapeutas se tornaram drogados.

COMO MORRE UM DANADO? PELA BOCA:

São Clemente Hofbauer, apóstolo de Viena, foi visitar um moribundo não crente e foi recebido com insultos: "Vai para o diabo, frade! Vai-te embora!". "Antes quero ver como morre um danado!" disse o frade. Com estas palavras o moribundo pôs-se a pensar e ficou mudo. S. Clemente invoca Maria com ardor. Logo depois, o moribundo, chora e exclama: "Padre, perdoai-me. Aproximai-vos!". Confessa-se em lágrimas e morre invocando Maria, Refúgio dos pecadores. "A misericórdia de Maria salva um grande número de infelizes que, segundo as leis da divina Justiça, iriam ser danados". Cofiemos n'Ela, então, com toda a confiança. Amém!

O FEIO

Pessoas incrédulas marimbam-se diante de fenómenos paranormais. Eu sou um incrédulo, às vezes. A propósito, já ouviram falar de um tal relatório de uma tal comissão parlamentar? A paranormalidade da dita obra lembra que o que distingue a maioria dos órgãos colegiais neste país é a imbecilidade colectiva. Os místicos islâmicos diriam que aquele que se recusa a curva-se ante o mistério supremo de Alá acaba ajoelhado ante miúdos "djins" (forças subtis da natureza terrestre). Mais adiante. O hábito de rotular de "espiritual" tudo o que esteja para além do material e do sensível, mesmo meras forças materiais subtis que não escapam totalmente à esfera de interesse da física, reflecte a propensão de enaltecer galinhas pretas. Fenómenos como aqueles invocados pelo paranormal, extremo de uma forma de espírito, manifestam apenas aquilo que na Índia se denomina “siddhis” (poderes), e os “siddhis” não merecem mais atenção da parte dos homens incrédulos do que o processo de fabricação de botões dourados para as fardas militares. Deve ser mais ou menos por isso que os ET’s e outras coisas, como os vampiros, passaram a estar na moda também. Primeiro, o tipo deixa de acreditar em Deus. Beleza. Daí é um pulo para a demência. O feio a usurpar o seio da bela.

O RESSENTIMENTO DO ILUMINADO OU O JOÃO PEQUENO QUE QUERIA SER PREFEITO:

Hoje estou para isto. Fazer o quê? Ler este post do João Pequeno, e todos os outros que a personagem vomita, deixa-nos de carinha esquisita a dar para o pensamento. Ele, o personagem, costumadamente, brande argumentos sobre a maldade do país. Mais precisamente de um ou dois grupos. O João pequeno já viu tanta coisa, que é impossível deixar de ser cínico e tal. Ele fala como se fosse o maior pimpão dos tugas. Parece até que lutou como um herói ao lado do Constantino XI na defesa de Constantinopla. O engraçado é o tipo de histórias dele. Sempre uma bizarrice de fazer sangue que, invariavelmente, envolve ou o Sócrates, quaisquer socialistas, alguns fulanos da direita conservadora, todos, apodados de mentecaptos, jagunços, meninas-moças sonsas e até, pasme-se, o Cardeal Patriarca. Ninguém sai ileso da fúria. Ora, estamos na presença de alguém que ambiciona ser o Prefeito (entidade maligna que actuava como deus ex-machina). O tipo é um Marquês de Sade caipira a querer meter em todo o orifício que lhe cheira a merda. Pergunta-se: de onde saiu tal ave rara? O certo é que saiu para impressionar a realidade sórdida de Portugal governado à esquerda. Claro. O que só lhe fica bem e é a prova de que viu e anotou as lições do seu irmão gémeo, o próprio ET. Fingir ter altas experiências de vida que justificam um "cinismo estóico" é alta demência. Demência de rasgar dinheiro, como diria o Nelson Rodrigues. Não dá. É como ver um gordinho feioso ultra chato (Internet “dumb ass”) clamar assanhadinho contra a moralidade hipócrita da Igreja. Quando se olha para o aspecto, passa-se a entender tudo. Soa menos a “looooser” se se disser que é um tipo passado, descolado da realidade, em luta contra uma religião hipócrita. Sempre será melhor do que se dizer ressentido contra a balança, a carestia da cirurgia plástica e as mulheres que não lhe deram cavaco. Ora, a revolução mundial dos poderosos moralistas de carinha rosa sempre me chamou a atenção. Veja-se como é curiosa a relação deles com aquilo que dizem desprezar. É sempre uma combinação de ambição com impotência. Os mesmos que afectam desprezo em relação a algo esperneiam ao imaginar esse algo por perto! Afectação sempre tendo em vista um público. Não é um acaso (ou contradição inexplicável) manifestações de fricote disfarçadas de heroísmo de macho. A própria escala de valor dada às coisas está subordinada a essa relação complexa. Vou tentar dar um exemplo. Eis um tipo cheio dele mesmo que se inquieta ao ver uma barata. Qualquer um diria: "Ele dá-se a esses suores frios porque é molenga." O tipo cheio dele não pode aceitar tal juízo! Ele fica angustiado com a própria impotência. Só que é preciso salvar as aparências. O juízo daquela pessoa é tido como opinião tola. Homem com suores frios torna-se demonstração de macheza. Na verdade, uma demonstração de profunda indignação moral (contra a barata). Não interessa o número de argumentos que sustentem essa opinião. O que importa é a reviravolta valorativa do ressentido. Quanto mais ressentido, mais afectado. É uma situação que causa um desconforto perpétuo. Agora, um dos problemas fundamentais não é tanto o objecto em si. É a própria "essência" de quem o detém. Isso é uma escada para o ódio contra uma pessoa (ou um grupo). Ele passa a odiar alguém por ser quem é. O ressentido está sempre revoltado por causa dessa impotência fundamental.

PORTUGAL POBRE E DOENTE:

Carl Spitzweg, O poeta pobre. Ou o João Gonçaves a preparar um post sobre as Arlettes.

O FORREST GUMP DA BLOGOSFERA

COMO CARACTERIZAR O PERSONAGEM QUE DÁ CORPO AO BLOGUE “Portugal dos pequeninos”: já se ouviu dizer que os autistas são bons em matemática e raciocínio lógico-abstrato. São mesmo? O filme O cubo (semi-clássico) parte dessa premissa. Um grupo vê-se aprisionado numa armadilha mortal. Só é possível escapar se compreenderem a estrutura matemática dela. Como envolve contas complicadas, é difícil pra caramba. Só uma pessoa sobrevive. Um autista (perdão, um mentally handicapped). Logo, o mentally handicapped passaria tranquilo para a fase seguinte. A prova e o filme estão em sintonia. Ela só pode ser explicada por causa da manifestação do espírito absoluto na história. (Forrest Gump é outra manifestação). Se bem que o tipo não é um autista. É retardado de iure. Mas o sucesso do personagem (e do filme) também é sinal dos tempos.

ESTADO BÁBÁ

Na visão do BE e do PCP temos um Estado barbudo que é mãe de leite do cidadão-bébé.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

ECCE HOMO:

QUE TEMPOS! Crise. Crise dos países do sul da Europa. Pedofilia na Igreja. Conservadores e Liberais na Inglaterra. Vulcão na Islândia. Mundial de Futebol em África. Questões actuais. Questões importantes. Agora, o que me incomoda mesmo é o seguinte: o latim que os pseudoentendidos gastam. É uma tal latinização da actualidade que só apetece ser snobe e dizer alto: "Desprezo a produção inconsequente de diagnósticos, todo eu sou desprezo por vós!”.

terça-feira, 15 de junho de 2010

BEM VINDO:

Pois é. O "Requisição Civil" pretende ser um web log, isto é: um diário. Portanto, necessariamente indefinido, melhor, a deambular sobre o que estiver a mexer (nas artes, literatura, política e ideias, invariavelmente minhas sem desdenhar ir busca-las a outros). Vai ser mantido por Paulo Nobre, e não tendo mais ninguém para assacar responsabilidades pelo que vier a ser publicado, sempre direi, que um Web log é isso mesmo e este é independente de partidos, igrejas, grupos económicos ou lóbis de qualquer género e, até ver, de eventuais leitores. É livre e cultor da liberdade e até da liberdade maior de quem escreve num diário: escrever por desporto e para ninguém. (Agora ponho o monóculo e digo uma blague) oh, nem sequer estou sempre de acordo comigo mesmo (i say kinky, very kinky), mas, ainda, sou homem livre e de bons costumes, e não é coisa pouca. Requisição Civil por que sim.