segunda-feira, 21 de junho de 2010

POLITIZAÇÃO DA URBE E A CIVILIZAÇÃO EM RISCO:

Assiste-se, como nunca, a uma intensa politização da urbe. Nem sempre acompanhada da necessária, sim necessária, clarividência, ou, pelos menos, uma mínima noção do que se diz e se pretende significar. Estamos pois a dar cumprimento à profecia de Napoleão Bonaparte (1769-1821) no início do século XIX. Ali, já decadente, o Corso fazia a profecia terrível de que a politização seria o destino irreversível dos tempos modernos, e dando a entender ter sido um leitor aplicado de Maquiavel, vinha vaticinar um futuro em que os homens haveriam de politizar tudo, desprezando qualquer coisa que se pretendesse colocar acima da política. Trocando por miúdos, o que quero dizer, é que o precioso conjunto de valores morais e culturais que sustentando a civilização, têm sido o baluarte da vida cívica em democracia, estão a sair de cena. No seu lugar, entrou o bárbaro espectáculo da disputa voraz por poderes e ideias – ou seja, um tempo de pobreza do espírito. Ora, como não poderia deixar de ser, esta nova focagem da política, feita da forma mais trauliteira, levou à transmutação do próprio discurso político, agora, auxiliado com o recurso a ferramentas outrora só possíveis no campo da justiça. Trata-se da política do vale tudo em proporções nunca vistas.

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