sexta-feira, 16 de julho de 2010

___________________________________________

Quem hoje olhe para o actual estado da nação, e postas as realidades económicas de parte (quanto a essas resta esperar pelos motores do costume), quem poste os olhos nesse quadro, vê: o já velho Sócrates a posar junto do nefando Santana Lopes, o segundo como protótipo mesmo do bedel em que o primeiro se transformou aos olhos de uma opinião pública essencialmente jornalística (de opinião), que, de régua em punho, mantém sob severa pressão os nossos órgãos interiores, a ponto de mais cedo ou mais tarde o vómito que dali tiver inicio, ser de dimensões nunca antes vistas. Ora, o português comum, imbuído de umas tantas crenças pela educação e pelo exemplo não pode mesmo receber senão com indignado espanto a ideia que se atribui ao seu governante. E assim, uma nova crença vinda do espanto é apresentada como se apresenta um apóstolo da unidade, ou se apresenta aquele a quem todos costumavam encarar como um guardião da esquizofrenia. Assim vão os nossos tempos, não tão diferentes d’outros, em que se torna de forma useira à (apesar de tudo) contestada imagem estereotipada que o tempo e a cultura de almanaque consagraram como uma verdade adquirida em Portugal. Ela remexe velhas feridas, cicatrizadas por uma longa sedimentação de preconceitos, mas, nem assim, deixa de quando em vez de estar na moda.

Sem comentários:

Enviar um comentário