sexta-feira, 30 de julho de 2010

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Quem lê a imprensa portuguesa (coisa que tendo a não fazer) e vê telejornais em Portugal (ainda menos) chega depressa à conclusão que não é possível uma discussão séria sobre que assunto for. Mais, quando esse assunto ofende (justa ou injustamente) alguém na sua personalidade ou carácter, existe mesmo um propósito consciente de bloquear toda discussão séria, reduzindo os artigos, os comentários, as milhentas discussões a uma compactação de slogans, que têm o único propósito de fazer correr o marfim comercial das vendas de papel e audiências, o que passa a favorecer, automaticamente, sempre o lado mais mentiroso – normalmente ao ataque -, o qual até pode ser motivado por ódios de estimação mais ou menos protegidos pelas direcções dessa imprensa. O exemplo da foto é esclarecedor. Trata-se de um belo exemplar com direito a prémio e cabeça na parede. Quem quer que tenha estudado um bocado da técnica da argumentação conhece a regra infalível do sujeito e que é aplicada de forma mais canhestra por outros: a mentira tem o privilégio de poder expressar-se com mais brevidade do que a refutação dessa mentira. Em trinta linhas ou em dez minutos de televisão (aqui mais grave porque se faz recurso a imagens), um qualquer jornalista (mas o tipo da foto é o melhor espécime conhecido em Portugal) pode acusar um qualquer sujeito (o odiado) de uma dezena de crimes imaginários. Esse sujeito (o odiado) precisará de pelo menos trezentas linhas ou horas de televisão para provar que não os cometeu. O que será sempre impossível. Esta é a vida actual em todo o seu esplendor, mas é também, meus caros, a morte da política às mãos de tipos sinistros. As consequências disto tudo dependem do país em que se vive e da cultura desse povo. Sofrer uma calúnia nos Estados-Unidos, Inglaterra, França ou Itália, mesmo na Espanha, não é o mesmo que sofre-la em Portugal. Aqui só a madre Teresa se escapava, e mesmo essa... se não caísse no goto ao "bigodes", ui ui!

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