segunda-feira, 5 de julho de 2010

A decadência afecta a mentira:

É certo e sabido que a Internet se transformou no fim da profissão de jornalista como a conhecíamos; não só porque se torna cada vez mais desnecessária a figurinha do tipo, como diria Chesterton, que escreve as suas nédias histórias a soldo de um qualquer capitalista ou director, mas, ainda, porque pelo menos a dignidade daquela pessoa se perdeu vai aí para uns 100 anos (jornalismo a sério só existiu até aos princípios do século XX), sem que a tenha recuperado, e, agora, agora, vai mesmo pelas vielas mais imundas e arrastada para a sarjeta mais nauseabunda. O mais digno e pomposo jornalista corre o risco de ser insultado, ou contestado por um qualquer sujeito cheio de razão. Não importa se o texto é solene, melancólico e magoado, se está escrito para provocar adesão e simpatia, não importa! Logo, junto das "focas" que batem palmas de contentes, existe o tipo esclarecido que põe a nu o texto, o seu autor e assim, assim, não há dignidade que resista. Mas pior que isso é que não há texto que resista. Comentários furiosos de leitores furiosos, comentários chatos de leitores chatos, comentários esclarecidos de leitores esclarecidos; a fúria, a chatice e o esclarecimento logo ali abaixo do texto a estragarem o efeito da coisa. Temos Pena.

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