sábado, 3 de julho de 2010

Mais um pequeno episódio na vida dum país:

Em 2010 descobrimos finalmente com quantos paus se faz a utilização de uma golden share e fez com que alguém isoladamente ou em grupo desse três saltinhos suspirados. Outros, em uníssono, gritaram a plenos peitos: “que importa, se o gesto é belo?” Em que ficamos? A golden chare está aí e tem uso, aconteceu numa quarta. Quando chegou a sexta, os membros mais sóbrios da burguesia lisboeta – o banqueiro Fulano, o industrial Beltrano, o magnata da bolinha sagrada – consideraram o assunto e chegaram, cada um de pantufas, no canto mais privado das respectivas cabecinhas, à conclusão de que o mundo enlouqueceu e alguma coisa tem que ser feita. – “Chegamos ao limite imposto pelo bom-tom quando se perde tão bom negócio”. “Chega, chega”, disse Fulano em voz alta, enquanto punha pó de talco nos sapatos vela. “Se fossem dois milhões, eu riria até a segunda. Quatro milhões, até quarta. Um milhão apenas chega! Beltrano, meu caro – ao trabalho!”

Sem comentários:

Enviar um comentário